A canção era conhecida na África do Sul desde os anos de 1940/1950. Gravada em xhosa, um dos onze idiomas oficiais do país, teve divulgação limitada.
Mas, desde que se tornou sucesso global em 1966 na voz de Miriam Makeba, em uma época em que a única mídia de massa era o rádio, foi regravada pelo menos trinta vezes na Europa, Estados Unidos e no Brasil. Uma das versões mais recentes, de 2020, na voz de ativista e cantora Angelique Kidjo, uma das principais intérpretes do Benin, teve letra adaptada para servir como peça publicitária da campanha da Unicef, órgão da ONU voltado à infância, para alertar sobre os perigos da Covid-19.
Sua introdução é inconfundível e invariavelmente sacode as pistas de dança: “Saguquga sathi bega,nantsi pata pata”.
Pouca gente sabe, entretanto, que “Pata pata” tem uma conhecida digital brasileira, a do paraibano Severino Dias de Oliveira, o Sivuca, que, além de músico, foi produtor e arranjador do álbum de Miriam Makeba, que lançou a canção . Por sua influiência, este mesmo álbum traz ainda “Adeus, Maria Fulô”, do próprio Sivuca, e “Mas que nada” e “Chove chuva”, de Jorge Benjor, que viria a se tornar grande amigo da cantora.

Miriam Makeba conheceu Sivuca em 1966, em Nova York, onde o brasleiro fixou residência depois da sempre lembrada apresentação da Bossa Nova no Carneggie Hall. Ela já era famosa por ter conquistado o prêmio Grammy de “melhor álbum de World Music de 1965”, com o álbum “An evening with Balefonte/Makeba”, gravado com o cantor e também ativista Harry Belafonte, nascido no Bronx, Nova York, de família jamaicana.
Deve-se a Belafonte o convite para Miriam Makeba ter fixado residência nos EUA. Ela havia se tornado apátrida, porque o regime racista da África do Sul, aproveitando-se de sua ausência para uma temporada na Europa, cassou seu passaporte, impedindo-a de voltar para casa. Seu sucesso mundial com “Pata pata” e a resistência contra o apartheid a levaram para a capa da revista Time como personalidade internacional de 1967.
O exílio durou quase trinta anos. Segundo a Time, ela voltou somente depois que Nelson Mandela a chamou pessoalmene. Mas há registro de que ela entrou clandestinamente em seu próprio país diversas vezes. Numa delas, em 1986, para participar das gravações de “Graceland”, com Paul Simon, que ganharia o Grammy de “melhor álbum de 1987”.
Miriam Makeba faleceu em novembro de 2008, no palco, durante uma apresentação na Itália.
Pata pata – TV Record (1968) – Sivuca ao violão
https://www.youtube.com/watch?v=FptofC0lKnk
Chove chuva
https://www.youtube.com/watch?v=F4dT7l7sWVg
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