
Sábado, 14 de fevereiro, é dia de um dos eventos culturais mais importantes neste 2025: o poeta, tradutor, ensaísta e crítico de música e arte, Augusto de Campos, completa 94 anos. Poucos poetas brasileiros viveram tanto. “Intérprete”, como ele gosta de ser identificado, está na estrada desde os anos 50. O Brasil, então, vivia um intenso processo de industrialização – e a poesia já não cabia apenas na linha horizontal dos cadernos. Três jovens paulistas – Augusto, Haroldo de Campos, seu irmão, e Décio Pignatari – decidem criar a poesia concreta no Brasil. Somente Augusto resistiu ao tempo – sempre surpreendente. Aos 94, prepara-se para reançar seu livro “Pós-poema”, da Editora Perspectiva, mais vendido na seção Artes Gráficas da Amazon.
O grande público pouco o conhece, nem recita seus poemas. Poesia concreta não serve para isso, mas para surpreender pelo contorno e pelo sumo das palavras, pelo grafismo da desconstrução poética, pela forma como sintetiza o mundo.

Duas das opiniões atuais mais abalizadas – do professor, escritor, poeta e crítico de artes, José Miguel Wisnik, e de Caetano Veloso, que dispensa apresentação – o têm como o maior poeta vivo do Brasil.
Quis o destino que Augusto de Campos e Caetano Veloso se tornassem vizinhos nos anos 70 do século passado, quando a Tropicália florescia para balançar as estruturas da tradicional música popular brasileira, sem negar sua importância. Augusto de Campos havia publicado por aqueles dias uma apaixonada defesa do compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues, um dos totens da vertente dor de cotovelo da MPB de então. Intermináveis visitas de vizinho solidificaram a amizade. Ambos se reencontraram na Feira Literária de Parati (Flip) em 2023, quando Caetano Veloso revelou que Augusto de Campos foi uma de suas maiores influências.
Parabéns, Augusto!
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