O próprio Djavan conta, no extinto podcast de Mano Brown, que tinha de 16 para 17 anos quando se deparou com uma descoberta que iria influenciar para sempre a iluminada carreira de cantor e compositor que construiria nos anos seguintes.

Tocando em barzinhos de Alagoas, tinha o sonho em tentar a sorte no Sul Maravilha, onde seguidos festivais revelavam novos artistas. Como músico, estava “envolvidíssimo” com a Bossa Nova e seus acordes dissonantes. Sua música não deslanchava. Numa tarde, porém, ouvindo uma canção bastante simples dos Beatles, descobriu o acorde perfeito. “I wanna hold your hand” não tinha nada de extraordinário mas, para ele, foi uma revelação. “Eu buscava a dissonância pura. Odiava o acorde perfeito, pois achava que ele não tinha valor. Até que os Beatles surgiram e ensinaram para todo mundo como usá-lo”.

A centelha acendida por Lennon & McCartney abriu uma nova perspectiva para o jovem Djavan. “Foi aí que descobri a simbiose entre melodia e harmonia, uma dependendo da outra.”
O iê-iê-iê, até então visto como música barata de consumo fácil e instantâneo, mostrou-se “uma inovação muito grande”. “Eu não imaginava que fosse deparar com aquilo. Passei a ouvir Beatles compulsivamente, perdendo interesse pela dissonância da bossa nova. O acorde perfeito é mais importante. A dissonância é limitada; o acorde perfeito, não”.
O presente de Caetano para Roberto
Poucos anos depois dessa descoberta, outro gigante da música brasileira, Caetano Veloso, apresentava a Roberto Carlos uma canção que seria eternizada pelo rei – e lá estava, registrado na letra, o mesmo acorde perfeito.
“Tudo o que eu quero é
I wanna hold your hand – Beatles
Um acorde perfeito maior
Com todo mundo podendo brilhar num cântico
Canto somente o que não pode mais se calar
Noutras palavras sou muito romântico ”
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