O conceito de epigenética nasceu nos anos 40, por iniciativa do Dr. Conrad Waddington. É o campo da ciência que estuda a influência de fatores ambientais, como dieta, estresse, exposição a toxinas e estilo de vida, na genética humana. Diferentemente das mutações genéticas, as alterações epigenéticas são reversíveis e podem ser transmitidas às gerações seguintes, afetando a saúde de forma duradoura. Portanto, merece atenção.
A relação entre epigenética e saúde humana é intrínseca. As alterações estão associadas ao desenvolvimento de câncer, diabetes, doenças cardiovasculares e distúrbios neurológicos. Por exemplo, a exposição a poluentes ou hábitos como tabagismo pode desregular os genes que controlam o crescimento celular, aumentando o risco de tumores. Além disso, estudos mostram que experiências traumáticas ou estresse crônico podem deixar “marcas” epigenéticas capazes de gerar transtornos mentais.
O Biobank, gigantesco banco de dados sobre DNA humano da Inglaterra, realizou uma pesquisa com cerca de 500 mil pessoas, baseado em 164 fatores ambientais e constataram que tais ocorrências são geradoras de 22 doenças associadas ao envelhecimento e à morte prematura.
Em outro estudo, publicado na revista Nature Medicine, cientistas identificaram 25 fatores ambientais que impactam na mortalidade e no envelhecimento biológico. Dentre eles, tabagismo, exclusão social, sedentarismo e condições de vida foram os principais. O tabagismo foi associado a 21 doenças; fatores socioeconômicos, como renda familiar, casa própria ou alugada e vínculo empregatício, a 19; e a atividade física, a 17. Horas de sono, escolaridade e obesidade infantil também integram a lista.

A história comprova
A influência da epigenética foi comprovada num episódio que ficou conhecido como “Inverno da Fome Holandês”. Durante a Segunda Guerra Mundial, uma grave escassez de alimentos afetou a população dos Países Baixos. Estudos posteriores revelaram que filhos e netos das mulheres expostas à fome nesse período apresentaram maior incidência de doenças cardiovasculares, obesidade e diabetes.
Em regiões altamente industrializadas da China e da Índia, onde a poluição do ar é intensa, foram observadas mudanças epigenéticas em genes relacionados à inflamação e ao estresse oxidativo, que aumenta o risco de doenças pulmonares e cardiovasculares. Por fim, estudos com sobreviventes de traumas psicológicos, como o Holocausto e conflitos armados, mostraram que o estresse extremo pode induzir alterações epigenéticas, que são até transmitidas às gerações seguintes, aumentando a predisposição a transtornos de ansiedade e depressão. O ambiente externo, ao contrário do que muita gente pensa, exerce forte pressão sobre a saúde e a qualidade de vida. Compreender esse processo é vital para adoção de novas abordagens terapêuticas e práticas saudáveis de relação com o ambiente externo. Viver na Baixada Santista, região privilegiada por sua natureza é, sem dúvida, um excelente antídoto para quem busca um envelhecimento ativo e saudável.
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