Governo aposta em tecnologia para reduzir filas no SUS

Governo aposta em tecnologia para reduzir filas no SUS

Ao tomar posse no último dia 10 de março, o novo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, confessou sentir “obsessão em reduzir o tempo de espera” por uma consulta ou um exame no SUS. Não é para menos: com 75% da população brasileira dependendo do sistema, o tempo médio de espera para uma consulta médica com um especialista foi de 57 dias, no ano passado. Essa fila é recorde. Desde 2009, quanto o monitoramento começou, a espera nunca foi tão longa. Mais de 1,3 milhão esperam por uma cirurgia. Nem durante o ataque do coronavírus, em 2020, o atendimento foi tão precário. A espera por uma intervenção médica, em muitos casos, separa a vida da morte. No Mato Grosso, uma consulta com um especialista em genética médica tarda 721 dias para acontecer. No geral, a fila de espera por cirurgias cresceu 26%.

A maior procura por cirurgias é a da catarata. As pessoas 50+ são maioria absoluta nesse atendimento. O descontrole produziu dezenas de casos de pessoas que perderam a visão do olho operado em clínicas conveniadas ao SUS.

Para outras intervenções mais profundas, a demora para a pessoa ser atendida pode ser a antessala do óbito. Para a maioria da população idosa, a morte é quase certa, dadas as condições mais frágeis do organismo e o surgimento de novas complicações à medida em que a idade avança.

O atual cenário de desolação não é novo. Antes, foi paulatinamente construído pelo pouco caso de seguidos governos. O maior orçamento da União é o da saúde – R$ 248 bilhões em 2024. Apesar dessa dinheirama, não é exagero afirmar que o SUS não é um sistema, e muito menos universal. Para conter os descalabros, o governo criou um novo recurso para registrar as demandas – o E-SUS Regulação, onde serão armazenados todos os dados e demandas. Uma nova sigla desvia a atenção ao problema, e cria a expectativa de que a confusão futura vai ser menor.

Segundo a nova norma, todas as solicitações ao SUS deverão ser enviadas para a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), uma plataforma do Ministério da Saúde que integra todas as informações em uma única base de dados. Ocorre, entretanto, que as secretarias da Saúde dos estados e municípios não são obrigadas a cumprir a portaria do ministério e enviar suas informações para o novo E-SUS. O exemplo mais evidente é de São Paulo, a maior cidade do país, que tem sua própria base de dados e não se conecta com as demais. Com o novo E-SUS, esse problema pode acabar. Em nota para a imprensa, o governo federal diz que a decisão de se criar um novo sistema advém de “falhas apresentadas pelo Sisreg”, e que “o envio de dados periodicamente por parte dos gestores locais será obrigatório, independentemente do sistema utilizado pelos estados e municípios. Em até 30 dias, prevê a nota, a escolha do novo sistema será definida com a concordância das instâncias municipais, estaduais e federal.

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